segunda-feira, fevereiro 26, 2007

descoberta




agora não era mais o medo
nem os disfarces
nem a sombra proposital que tudo esconde
não era mais a resistência
nem aqueles olhos fugitivos
tentando encobrir uma verdade castanha
que desafiava
com seu brilho de sol a pino

agora era a ousadia
era simplesmente esta verdade
saltando escancarada
livre e audaciosa
quase cuidadosa
não mais aprisionada

repleta de cores
sutis e embaralhadas
agora se descortina
como a visão que temos
quando miramos maravilhados
quase espantados
este intrigante caleidoscópio de nós mesmos



(Sarah K > fev/2007)

terça-feira, fevereiro 13, 2007

antes SÓ ou mal acompanhado??


Passeando pela rede achei esta imagem. Gostei do que veio escrito junto e resolvi colocar aqui no blog, mas não posso afirmar com certeza que este texto seja realmente do Chico, se bem que concordo totalmente com ele.
Outro dia, no trabalho conversávamos sobre estar só; desconforto para alguns, reflexão para outros, paz para outros tantos. Uma das pessoas falou que detestava ficar só, que era uma sensação muito ruim para ela sempre. Que coisa - pensei eu - ela não deve nem gostar da companhia de si mesma ... Achei isto tão triste, e é justamente o dito na última frase.
Deixo então para vocês esta imagem como companhia para o Carnaval, uma época que geralmente temos muitas pessoas ao nosso redor, seja para sentir-se acompanhado ou não ...
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(Sarah K > fev 2007)

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

seu saldo verde no vermelho



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Minha cor preferida é o lilás, mas quando não é época de flores o verde facilmente ocupa seu lugar.
Outro dia numa papelaria, me deparei com umas fotos antigas da minha cidade, fotos do início do século XX e fins do XIX, fiquei impressionada com a mudança tão radical na paisagem urbana, antes muito mais humana e equilibrada. Daí, inevitavelmente me veio à cabeça questões ambientais, preservação, efeito estufa, aquecimento global e tantas outra preocupações verdes.
Partindo do princípio que concentrações urbanas são umas das maiores, se não a maior, emissoras dos gases efeito estufa, e que nós em sua maioria vivemos em grandes centros urbanos, vocês concordarão que cada um de nós tem sua parcela de "culpa" nesta questão do aquecimento. Para saber o quanto, é só perder um pouquinho de tempo agora e fazer sua contabilidade gasosa. Mas não se assustem muito, tentarei no final absolver cada um de vocês ou pelo menos mandá-los ao purgatório.
Então proponho o seguinte a vocês: vejam aqui o quanto estão devendo ao planeta, escolhendo, lá no site, "calculadora CO2", depois deixem o resultado aqui em seus comentários.
E para vocês não voltarem para casa muito deprimidinhos, indico este local para começarem a reduzir o montante de suas dívidas. Mas além disto, fica aqui este post como uma forma de reflexão e no mínimo, como uma tentativa de nos tornarmos mais conscientes e responsáveis por um mundo que agora é nossa casa mas que ainda deverá ser a casa de muitos milhões de pessoas que vem por aí ... filhos, netos, bisnetos. "Vamos cuidar do mundo que não veremos", isto também é nossa responsabilidade.
Até a próxima e boa floresta para vocês!!
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Ah sim, meu resultado foi: "sua emissão anual é de 1.97 ton/CO2. A The Green Initiative recomenda que 13 árvore(s) sejam plantadas". E já "plantei" 5 árvores este ano.
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[Auxílio para quem não tem o hábito de comentar em blog, é bem simples e não dói nada ... rs:
Clique no link aí embaixo "Falaram aqui", na página seguinte, abaixo de todos os comentários clique no link "Postar um comentário", daí escreva seus comentários, escolha "Outro", digite seu nome, o código solicitado e pronto, é só publicar!]
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(Sarah K > fev/2007)

domingo, fevereiro 04, 2007

VOCÊ em você

Uma parte de mim é todo mundo
Outra parte é ninguém
Fundo sem fundo
Uma parte de mim é multidão
Outra parte estranheza e solidão
Uma parte de mim, pesa
Pondera
Outra parte, delira
Uma parte de mim almoça e janta
Outra parte se espanta
Uma parte de mim é permanente
Outra parte se sabe de repente
Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte, linguagem
Traduzir uma parte noutra parte
Que é uma questão de vida ou morte
Será arte?
Será arte?
(TRADUZIR-SE - Ferreira Gullar)
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Uma das características que mais me fascina no ser humano é a sua capacidade de ser múltiplo, de surpreender ou surpreender-se consigo, se aperfeiçoar, se superar. Ou mais ainda, sua peculiar multiplicidade, ou sendo mais exata, uma imensa contraditoriedade ou fragmentação que eles carregam em sua essência.
Certo é que para a maioria de nós é doloroso demais conviver com tudo isto, e muitos, por condicionamento ou até mesmo acomodação, escolhem o caminho mais confortável da previsibilidade, do tradicional, da triste tranquilidade do não arriscar-se. Pois o risco de penetrar na densa e escura floresta da nossa verdadeira essência, não é tarefa simples, muitas vezes é assustadora, requer coragem, dedicação. Ir ao encontro da descoberta do que se é, aceitar aquilo que somos que não nos agrada, mas que o sabemos e tantas vezes negamos, é um processo doloroso. Descobrir que dentro de nós habita e convive tantas verdades distintas e que em alguns e inesperados momentos entram num embate, quando escolhem opostos caminhos dilacerando nossos óbvios propósitos. Muitas vezes estas experiências assustadoras instalam-se à nossa frente nos esterrecendo e nos enchendo de dúvidas e receios. Ao trilharmos este caminho inicialmente, mal sabemos que neste processo, na verdade, precisamos ser lentos, pacientes, despojados de pré-conceitos e extremamente dedicados. Devemos cultivar a aceitação pura e simples sem juízo de valor, ter a coragem de encarar de frente nossa complexidade, nosso lado sombrio, nossas próprias contradições, nossa dualidade. Pois a partir do momento que pararmos de lutar consigo mesmos, encontraremos a paz interior necessária para nos assumirmos e nos aceitarmos. É inútil lutar contra o que se é, como já dizia Jung: "o indivíduo pode lutar pela perfeição, mas deve sofrer com o oposto de suas intenções em nome da sua totalidade". Isto sintetiza tudo não? Não precisaria dizer mais nada, mas ...
Assim, desta forma, seremos seres com brilho próprio, mais atraentes, mais interessantes, mais livres para exercitarmos nossa verdade interior sem culpas medos ou incertezas, mesmo sabendo que somos essencialmente contraditórios.
Entre ser ou não ser, não vacile nunca, SEJA! Viver verdadeiramente é uma arte!


(Sarah K > fev/2007)

(foto: Yoyce Tenesson)