segunda-feira, abril 30, 2007

virtual ou real? vai querer o quê?

Já passavam das 22:00hs e Regina Maria (Solteira Carinhosa) esperava ansiosa, olhando sua lista on-line a cada segundo. Nada dele aparecer, um atraso de quase uma hora. De repente a janelinha pipoca no canto inferior da tela "Amor Real acabou de entrar!"
- Oi, hoje vc demorou tanto!
- Desculpa meu bem, tive uns contratempos.
- Estou morrendo de saudade... (vários e-motions de coração)
- Eu também!
(E-motions de amor invadem a tela, e ela suspira defronte ao monitor)
- Estive pensando uma coisa... (e-motion envergonhado)
- Fala meu amor... (e-motions de beijos)
- O que você acha da gente se encontrar de verdade? (vários e-motions de sorrisos)
- Porque? Você quer isto? (sem e-motions)
- Ah... eu gostaria, já faz 3 meses que nos conhecemos aqui e eu queria tanto poder te encontrar, te conhecer de verdade! (vários e-motions de coração)
- É... pode ser sim (sem e-motions)
- Que foi? Você não gostou da idéia? (e-motions de decepção)
- Não meu bem, claro que gostei, mas é que esta semana estou muito ocupado. (sem e-motions)
- Ah, mas então a gente marca semana que vem, o que você acha?
- (silêncio de uns minutos) ... Ok, está certo, vamos marcar na terça-feira da próxima semana.
- Ai amor, adorei (vários e-motions de sorrisos, corações e beijos disparam na tela)!
Mais um papinho, marcam local e hora e depois ele começa a querer vê-la pela webcam, mas esta parte foi censurada.
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Na terça feira, Regina Maria nervosíssima, diante do espelho, terminava a produção. Um visual caprichado, roupas e sapatos novos, uma escova de chocolate deixa seus cabelos brilhantes e sedosos, um perfume caríssimo e uma maquiagem leve completam a produção esmerada. Ela é bonita e jovem, na faixa dos 35 anos, solteira há mais de 2 anos, partilha um estado que a maioria das mulheres urbanas vive atualmente: uma carência já fora de controle, embalada pela quase absoluta falta de homens solteiros. Regina é romântica e sensível, ainda acredita no grande amor.
Amor Real tem um nome, ele chama-se Carlos Francisco e também está de saída, ao contrário, sem muita ansiedade, dá uma olhada rápida no espelho, dando uma conferida geral e sai calmamente para o encontro. O trânsito está absurdamente engarrafado e ele olha continuamente para o relógio, quando de repente "brum, chash!!". Alguém bateu no fundo do seu carro. Ele sai irritado, olha para a traseira do carro e para a mulher que também olha a cena e diz:
- Só podia ser mulher! Olha só o que a senhora fez no meu carro!
- Desculpe meu senhor, a fila parou instantaneamente e não deu tempo de parar - ela falou desculpando-se.
- Que não deu tempo que nada! Claro que daria tempo, e eu, não consegui parar?! A senhora é que deveria ser proibida de dirigir, um atentado a segurança! Como é que uma pessoa dessa consegue tirar habilitação? - Ele falava alto, gesticulando, muito irritado.
- O senhor por favor não me ofenda! Sei dirigir muito bem, mas acidentes acontecem meu amigo! - já ficando nervosa também.
- É, acidentes devem acontecer muito com a senhora. Comigo não minha amiga, comigo não! Dirijo há mais de 25 anos e nunca me envolvi em acidentes, mas vocês mulheres vivem causando confusão no trânsito, quando não fazem uma besteira como esta! - Apontando para ela e para o carro, começando a esbravejar e xingar.
- Chega meu amigo, não vou discutir mais com o senhor, um grosso e machista, sem o menor respeito e educação no trato com as pessoas. Vou ligar e providenciar uma ocorrência, eu estava disposta a resolver tudo amigavelmente, mas agora se o senhor quiser, vai ter que entrar no JPC para reaver seu prejuízo. Para mim chega!
- Ah é? Não vai me pagar o prejuízo não? Logo vi, que se tratava de uma vagabunda, olha a roupa, este decote, essa saia colada e curta, mas parece outra coisa! ... Blá blá blá ... - Cada vez mais ofensivo.
Ela se afasta chorando, nervosa e liga para solicitar a ocorrência. Mais calma, volta para junto do carro e vê o homem já bem mais calmo, também usando o celular. De repente seu celular toca "Carlos Francisco chamando". Ela já havia quase esquecido do encontro. Um sorriso desponta dos seus lábios, ela ajeita os cabelos, respira fundo e atende. A voz do outro lado, muito carinhosa e gentil diz:
- Oi amor.
- Oi, que bom que você ligou! - Ela fala emocionada.
- Me desculpa o atraso meu amor, mas você nem imagina, acabo de sofrer um acidente no trânsito.
- Meu Deus, e você está bem? - Ela volta a ficar apreensiva.
- Não, estou bem, foi só o carro que machucou um pouco, e também estou tendo uns problemas com a pessoa que chocou-se contra meu carro, mas.... - Ela olha para o lado e vai se aproximando do homem, ele continua no telefone, parece calmo e gentil ao falar... Ela emudece.
- Alô, Regina, você está aí? - Ela entra no carro e sai em disparada, com celular ainda nas mãos, escuta mais esta antes de desligar:
- Ah que droga, a fdp está fugindo! Pqp... pqp!! - Ela desliga o celular, e pensa na aliança dourada que ele carregava na mão esquerda ao levantá-la agressivamente contra ela.

(Sarah K > abril/2007)

segunda-feira, abril 23, 2007

Injustiças e Verdades

É verdade que meu lado maternal fica mexido quando vejo crianças no semáforo, sujas, esquálidas, maltrapilhas, descalças e famintas. Injustiças sociais à parte, isto mexe lá no fundo, lá naquele lugarzinho sensível da minha alma.
Tem um semáforo aqui, onde sempre encontro um garoto, quase um homem, ele e outro bem mais novo, que correm do ínicio ao fim da fila de carros, deixando balas penduradas no retrovisor. Pés descalços no asfalto escaldante do meio-dia, vão e voltam incansavelmente, a cada troca de sinal. Aquilo me causa uma tristeza, ao mesmo tempo uma revolta e uma pergunta: porque? Geralmente, abro o vidro e compro as balas, nem gosto daquele sabor, mas não posso passar batida diante daquela imagem amarga.
Outra cena, é aquela do cara que te aborda na mesa de um bar com uma estória muito triste, quase uma tragédia. Este, sei que fatalmente está mentindo. Nem sempre dou um trocado, geralmente não. Acho que melhor seria ele trazer este cartaz aí de baixo. A estória é trágica, mas não deixa de ser cômica e verdadeira.

sexta-feira, abril 20, 2007

FELIZ ANIVERSÁRIO!!



Hoje é aniversário do *idéias*, faz um ano que tudo começou! Quero comemorar com todos que aqui sempre vieram, compartilhando comigo idéias, sons e imagens, nestas colagens que proponho. Se depender de mim essas idéias nunca deixarão de brotar... Que muitos outros anos venham!
Meu muito obrigado a todos que visitam, que escrevem ou que apenas leêm em silêncio. É muito gratificante compartilhar este espaço com vocês, afinal sem a presença de todos por aqui este espaço perderia o sentido.
Para comemorar, deixo aqui um texto dos primeiros dias.
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Vazia estava
.... como uma árvore no outono, desnuda, desfolhada. Como aquele perfume preferido, que quando procurado, nada resta, nenhuma gotinha
.... com a boca vazia de beijos, a vontade órfã de iniciativa, a mente zerada de idéias, os pés vagando sem trilha, meu desejo desprovido do seu fruto.
Nada tão grave nem definitivo. Só um dia chuvoso que engole o brilho e as cores, sem calor, inundado, sem arte e sem desastre até. Como um vácuo. Alguns destes dias têm o dom de fazer de mim um conjunto vazio, mas não me impressiono.
Rasgando a manhã, faz o sol hoje a sua estréia, secando as minúsculas gotinhas sobre as folhas das árvores, transformando-as em pequeninos reflexos, como uma renda verde salpicada de pedrinhas brilhantes. Não mais cinza é o dia, agora é vibrante e inundado de cores, reflexos e sensações.
Chega o sol e me preenche novamente. E daí, transbordo!
(Sarah - 26 abril 2006)

domingo, abril 15, 2007

NADA




Hoje não tenho nada para falar, nem ia escrever, mas acabei de assistir CAFÉ DA MANHÃ EM PLUTÃO, uma excelente, bem humorada e inquietante estória sobre a intolerância, seus males e suas cruéis derivações. Recomendo, não deixem de ver, imperdível!!

E a propósito, dele retirei a idéia de escrever sobre NADA, pois com disse um dia Oscar Wilde "Adoro falar de nada. É a única coisa de que conheço algo".

Me despeço aqui, desejando que a raça humana aprenda algum dia, e reflita sobre isto: pensam que sabem TUDO, mas enganam-se.
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Mas... assistam o filme.

terça-feira, abril 10, 2007

vento no litoral

Ela chegou àquele terraço debruçado sobre o mar e observou o vazio ao redor. Seus olhos tristes se voltaram para a solidão da praia, repleta de sulcos, pegadas, marcas... Fechou-os e sorveu lentamente aquele aroma amargo.
Refez o percurso, enquanto seus olhos acompanhavam as marcas até o horizonte. Lá, onde ela tinha ficado. Deixava o vento açoitar seu rosto na tentativa de esperar que ele limpasse tudo. Era assim, desde aquela remota tarde, olhar o mar era como ver a si mesma, presa e sem chances de liberdade.
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O sol caía sobre o mar criando um rastro mágico e dourado, de um brilho intenso e ofuscante. Sentados na areia, mudos, eles haviam se buscado ansiosos, antes daquele mergulho, daquela onda. Brigas, desentendimentos, discussões pendentes.
Antes de entrar no mar, ele olhou-a, era um olhar fosco, permeado por uma angústia cinzenta, sem brilho e sem esperança. Naquele momento, sem saber, ele a tomou como refém. Correu para o mar, jogou-se sob a onda e mergulhou. O vento forte formava ondas altas e violentas que quebravam sobre as pedras do lado esquerdo da praia, levantando espasmos violentos de espuma. Sentada na areia, braços cruzados sobre os joelhos, olhos atraídos pelo alvoroço da espuma, perdeu momentaneamente a noção do tempo, acompanhando o ir e vir, o quebrar e refazer das ondas.
De repente, um alarido, gritos, alvoroço, pessoas correndo em direção ao mar. Seus olhos acompanhando aquele movimento, deram num corpo desfalecido sobre a areia. Correu em sua direção, o coração aos saltos, jogou-se desesperada sobre ele enquanto gritava e o agitava em vão. Era inútil, ele não mais lhe ouvia.


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Cada vez que escutava a música VENTO NO LITORAL (Legião Urbana), eu era tomada por uma melancolia enorme. Hoje, à tarde cantarolando esta música, pensei mais uma vez em como sou tomada por esta sensação, que ao contrário do que possa parecer, é algo muito benéfico, positivo e gostoso de sentir. Tristeza nem sempre é ruim, não é mesmo? Nesses tempos de culto à felicidade a qualquer custo, onde andamos deixando o espaço para a tristeza que por vezes se aproxima de nós? Saudável é, acho eu, que saibamos acolher positivamente todos os estados de espírito. Necessário para a saúde da nossa cuca deve ser vivenciá-los calma e naturalmente, e depois deixá-los ir no mesmo ritmo que veiram.
Hoje fiz isto escrevendo esta estória. Assim a tristeza veio e se foi, e cá estou eu agora, sorrindo. Imaginem, depois de uma busca incansável (risos), achei a imagem e a música perfeitas para este post. Maravilha!!


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(Sarah K > abr/2007) ......................... (foto: F. Monteiro)

terça-feira, abril 03, 2007

concorrente Imbatível!!



Casal de jovens namorados na sala do ap dele, no último domingo.
Ele, defronte da TV. Ela cheia de segundas, terceiras e sétimas intenções, chega na sala e diz.

-Amooooorrr?
-Huummm ... - Sem tirar os olhos daTV
-Olha só - mostrando o bumbum e a calcinha nova - Viu só, bem daquele jeito que você gosta?!
-É mesmo, linda - Sem dar muita atenção e voltando a olhar a TV.
-Amoooorr... - Tomando a frente da TV.
-Pera... Vai, vai ... Porraaa!! - tentando ver a TV através do corpo dela.
-Puxa amor, você não gostou não?
-Hein ... Anhh ... Não, não, é linda sim - sem olhar sequer para ela.
-Môzinhooo? - toda dengosa tentando beijá-lo.
-Juiz Fdp!!
-Que droga Luis Eduardo! - já sem paciência.
-Vai, vai, vai ... vai Romário! Porra, baixinho fdp!!
-Humptfff!!

E assim, Carla Cristina e sua calcinha nova dirigem-se ao quarto derrotadas pelo baixinho e pela gorduchinha.
Coisas do futebol!
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[Mas qual é mesmo a preferência nacional masculina??? fiquei na dúvida ... (rs)]
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(Sarah K > abril/2007)